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‘Acne-positive’: conheça o movimento que promove a aceitação da pele natural

Inspirada no ‘body-positive’, iniciativa quer mostrar que espinhas não devem ser motivo de vergonha

Em janeiro deste ano, a modelo Kendall Jenner esteve entre os assuntos mais comentados do Globo de Ouro – e não graças ao vestido que usava, mas por comparecer ao tapete vermelho da premiação com espinhas aparentes no rosto.

Na época, em resposta a uma postagem em sua defesa no Twitter, a irmã mais nova de Kim Kardashian aconselhou: “nunca deixe isso parar você”. A defesa da acne como algo natural (inclusive na vida adulta, já que é cada vez mais comum entre pessoas de 20 a 40 anos) tem ganhado força entre mulheres mundo afora, que encabeçam o movimento chamado de ‘acne-positive’.

Com inspiração na iniciativa ‘body-positive’, que promove a aceitação de corpos fora dos padrões, o ativismo acerca da acne surge em um momento importante para o mercado de beleza.

A valorização das características reais da mulher agora é uma conversa crescente nos veículos voltados ao público feminino, e ganha ainda mais força em plataformas como o Instagram e o YouTube.

A influenciadora de beleza afegã Khadeeja Khan, que usa os canais para compartilhar suas experiências com a acne, recentemente expôs uma empresa de cosméticos por encerrar seu contrato por causa das lesões que tem na pele.

“Quando as pessoas dizem coisas maldosas sobre você na internet, já é algo esperado. Mas quando você ouve isso de uma marca de beleza, machuca muito, porque pensa que realmente não há espaço para alguém como você nessa indústria”, disse ela.

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A atriz norte-americana Lili Reinhart, estrela da série Riverdale, também já abordou o tema em suas redes sociais. Ela tem acne cística, um tipo de condição mais grave, no qual espinhas grandes se desenvolvem nas regiões do rosto, peito, costas, braços e coxas, com maiores chances de deixar cicatrizes.

Em entrevista à revista Teen Vogue, ela contou que a questão teve grande impacto em sua autoestima durante a adolescência, mas que, com os anos, percebeu que “não poderia deixar uma espinha no rosto decidir onde podia ou não podia ir”.

Por aqui, blogueiras e youtubers fortalecem a ideia – a paulistana Isabella Trad, de 24 anos, é uma delas. “Como se não bastassem pessoas diariamente decidindo sobre o meu corpo, coleciono opiniões sobre as minhas espinhas também. Passei a adolescência tranquila por não ter acnes e podendo me ver livre de ao menos esse bullying. Hoje coleciono algumas muitas que, por sorte, apareceram em pleno amadurecimento do meu amor próprio e, por mais que eu não goste, entendo que é normal”, defende ela em seu perfil no Instagram.

“Amor próprio é entender-se humano e que está tudo bem não se amar sempre”, completou.

Ao mesmo tempo, produtos para o tratamento da pele, como as máscaras faciais, despertam a atenção de consumidoras que, durante anos, tinham como hábito investir somente em maquiagem. As marcas de cosméticos já estão atentas ao movimento: a norte-americana Glossier, por exemplo, tem como lema “Skin first, makeup second” (pele em primeiro lugar, maquiagem em segundo).

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O objetivo do ‘acne-positive’, afinal, não é renunciar aos cuidados da pele, mas alavancar a autoestima de quem sofre com espinhas e cicatrizes, espalhando a mensagem de que não é preciso se esconder por trás de camadas de base e corretivo. Deixar a face respirar, sem neuras, só tem a contribuir para a saúde do rosto.

“O uso de produtos indevidos, como os que tem óleo na composição, e o excesso de maquiagem podem piorar a acne. Quanto mais você tenta esconder, mais acaba obstruindo os poros”, explica a dermatologista Mylene Pasin, da Clínica Daniel Lerario. Fatores como o estresse, a predisposição genética e a desregulação hormonal também podem agravar os pontos inflamados, segundo ela.

“A maioria dos pacientes ainda chega aqui com o pensamento de tampar a acne. Vejo que ainda falta muito para uma aceitação, mas alguns já vêm com o pensamento de tratar sem a necessidade de camuflar”, conta Mylene.

Para Rafaella Crepaldi, maquiadora da Nars na América Latina, a questão é também cultural. “A indústria não deixa você se sentir confortável com você mesma”, avalia. “As pessoas estão buscando um ideal que não existe. Falta a segurança de não precisar se provar, de perceber que você tem outros valores e conseguir sair de cara lavada sem se sentir mal por isso”.

A ideia não é encarar a maquiagem como vilã, mas usá-la para valorizar os traços, e não mascará-los. “Se você quer um visual mais natural, hidrate bem a pele e cubra com corretivo só onde achar realmente necessário. Esqueça os padrões de maquiagem, tente quebrar um pouco isso e seja feliz”, finaliza Rafaella.

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