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27 anos sem Mussum: vida, obra e morte do humorista que marcou uma geração

Eternizado por integrar ‘Os Trapalhões’, Antônio Carlos é figura marcante no imaginário popular brasileiro

Fotos: Divulgação

Se não tivesse morrido prematuramente em 1994, aos 53 anos de idade, o icônico humorista Mussum teria completado 80 anos em 2021. Ele nasceu em 07 de abril de 1941 e, enquanto viveu, deixou um legado inesquecível que se mantém vivo no imaginário dos brasileiros.

A herança cultural deixada por Mussum permanece sendo reconhecida até mesmo por aqueles que ainda não eram nascidos na época.

Ao fazer parte do quarteto ‘Os Trapalhões’ ao lado de Didi, Dedé e Zacarias, Mussum fez um sucesso estrondoso nas décadas de 1970 e 1980 – tendo se destacado por ser um dos poucos artistas negros na TV naquela época, trazendo representatividade para muitas pessoas em meio ao racismo.

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A morte de Mussum

Mussum morreu em 29 de julho de 1994, vítima de complicações de um transplante de coração mal sucedido, que levaram a uma infecção no pulmão. Internado desde o dia 7 daquele mês, ele passou pela cirurgia no dia 12.

Mussum tinha uma cardiopatia dilatada (doença em que o coração aumenta seu tamanho e não trabalha satisfatoriamente) e, por isso, precisou do transplante – que, a princípio, transcorreu bem.

Não houve, inclusive, rejeição aguda nos primeiros dias – a possível consequência mais perigosa. Mesmo assim, o humorista passou a apresentar problemas após o procedimento.

Primeiro, teve um acúmulo de coágulos sanguíneos no tórax e, para retirá-los, voltou para a sala de cirurgia. No dia 22 de julho, entretanto, o pulmão do humorista foi tomado pela infecção que o matou.

A data da morte foi marcada por um intenso clima de tristeza em todo o Brasil. Ele foi enterrado no dia seguinte, em um cemitério da cidade de São Paulo. A cerimônia contou com a presença de cerca de 600 pessoas – entre amigos, familiares e fãs.

O que significa Mussum?

O nome de batismo de Mussum é Antônio Carlos Bernardes Gomes. A história que explica o surgimento do apelido eternizado conta que, nos bastidores do programa humorístico ‘Bairro Feliz’, da TV Globo, em 1965, Grande Otelo começou a chamá-lo assim.

Vindo da palavra ‘muçum’ – nome de um peixe teleósteo sul-americano – o apelido associa características físicas do peixe, que é escorregadio e liso, à personalidade do artista, que conseguia sair de situações estranhas com facilidade.

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Filho da empregada doméstica Malvina Bernardes Gomes, Mussum nasceu em Lins de Vasconcelos, bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. De origem humilde, ele aprendeu desde cedo a valorizar os estudos. 

Em 1957, aos 17 anos de idade, Mussum recebeu o diploma de Ajustador Mecânico. Recém formado, ele começou a trabalhar como aprendiz em uma oficina. Ele também serviu na Força Aérea Brasileira durante oito anos.

Carreira artística de Mussum

Mussum já nasceu com sangue de artista! Ele integrou o grupo de samba ‘Os Originais do Samba’ como cantor e percussionista em meados da década de 1960.

Nessa época, ele usava os nomes artísticos: Carlinhos da Mangueira ou Carlinhos Reco-Reco.  O grupo gravou 13 álbuns e fez bastante sucesso com coreografias diferentes e roupas coloridas.

Mussum também lançou discos solo e a visibilidade que a música lhe deu acabou fazendo com que emissoras de televisão o convidassem para se apresentar como humorista, mas ele recusou.

O motivo? Ser humorista era uma profissão muito desvalorizada na época. Contam que Mussum alegou, na época, que pintar o rosto e fazer as pessoas rirem na TV “não era coisa de homem”.

O artista estreou na televisão em 1966, aos 26 anos, quando trabalhou em vários musicais das TVs Globo e Excelsior. Foi quando ele conheceu Dedé Santana. Ele chegou a trabalhar na ‘Escolinha do Professor Raimundo’, com Chico Anysio.

O legado de Os Trapalhões

Em 1969, Wilton Franco, diretor de ‘Os Trapalhões’, viu Mussum se apresentando com a banda em uma boate e o convidou para integrar o grupo humorístico – que seria na TV Excelsior.

Mais uma vez, Mussum recusou o convite. Contudo, seu amigo Dedé Santana conseguiu convencê-lo e o novo ator passou a integrar a trupe em 1972. Nessa época ainda era um trio, pois Zacarias só foi entrar no grupo depois, em 1974.

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‘Os Trapalhões’ foram para a TV Globo e rapidamente conquistaram muito sucesso, com altos índices de audiência. 

Relembre:

Mussum só foi deixar de fazer parte do grupo de samba quando os compromissos na TV começaram a impedi-lo de cumprir a agenda. Entretanto, ele nunca se afastou da música, que era uma grande paixão.

Grande fã da Estação Primeira de Mangueira, Mussum desfilava todos os anos no Carnaval, no meio da Ala das Baianas, da qual era diretor de harmonia. Daí veio o apelido “Mumu da Mangueira”.

Ele atuou em mais de 25 filmes, como ‘O Trapalhão no Planalto dos Macacos’ (1976), de J.B. Tanko e ‘Os Trapalhões e a Árvore da Juventude’ (1991), de José Alvarenga Jr.

Esposas e filhos de Mussum

Antônio Carlos, o Mussum, casou-se com Leny Castro dos Santos, moça que conheceu nos eventos da Mangueira, em 1965. Eles permaneceram casados até 1969. Juntos, tiveram um filho, Augusto Cezar.

O segundo casamento dele foi com Neila da Costa Bernardes Gomes, que conheceu em 1972 e ficou com ela até o fim. Os dois tiveram um filho, Sandro.

Fora do casamento, Mussum teve mais três filhos: Paula Aparecida, fruto de um namoro com Maria Glória Fachini; Antonio Carlos Filho, fruto do namoro com a modelo Therezinha de Oliveira e o ator Antônio Carlos Santana (‘Mussunzinho’), fruto de um caso com Maria Francisca de Santana.

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Em outubro de 2019, foi comprovado que o dentista Igor Palhano também é filho biológico de Mussum, fruto de um envolvimento do trapalhão com Denildes Palhano.

Bordões de Mussum permanecem vivos

Mesmo tendo se passado quase 3 décadas desde a morte de Mussum, ele é uma figura admirada e lembrada até hoje no Brasil, com muitos fãs.

O jeito de falar, além de seus bordões inesquecíveis, se incorporaram no dia-a-dia do brasileiro – inclusive no de muita gente que nem conhecem as origens.

Tudo isso também fizeram com que Mussum virasse um meme constantemente compartilhado com carinho por fãs nas redes sociais.

Por exemplo, uma série de camisetas foram lançadas com a imagem estilizada do humorista e a inscrição ‘Mussum Forevis’ (‘Mussum Para Sempre’, numa mistura de inglês com o jeito que ele falava todas as palavras).

Outras homenagens foram feitas a ele ao longo dos anos. Uma rua de Campo Limpo, na cidade de São Paulo, ganhou o nome ‘Comediante Mussum’. O Largo do Anil, em Jacarepaguá, no Rio, teve o nome mudado pelo prefeito Eduardo Paes para ‘Largo do Mussum’.

A frase popular do humorista, “Só no Forévis”, inspirou a banda de hardcore punk, Raimundos – que a utilizaram como título do álbum homônimo de 1999. A frase também é o título da canção que abre o disco.

Um dos filhos de Mussum, Sandro Gomes, criou uma marca de cervejas como forma de homenagear o pai. ‘Cacildis’, foi o nome escolhido para fazer isso de forma bem-humorada e “sem frescuris”. Atualmente, a bebida é uma das mais vendidas do segmento no Brasil.

Jornalistas da Globo imitam “linguagem” do Mussum ao darem notícias

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