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Prática de tortura em mercado de SP era recorrente, mostram câmeras

Caso que viralizou nas redes sociais e chocou o Brasil nesta semana não teria sido a primeira vez

Foto: reprodução / Google Street View

Nesta quinta-feira (5), uma juíza do estado de São Paulo decretou a prisão temporária dos dois seguranças envolvidos em um caso que chocou o Brasil nos últimos dias. Eles foram gravados torturando um adolescente de 17 anos em um supermercado, após o jovem tentar furtar um chocolate. As imagens caíram nas redes sociais e viralizaram na web.

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Agora, novos registros de câmeras de segurança do estabelecimento obtidas pela investigação mostram que a prática de tortura no local era recorrente e sempre acontecia. Dessa forma, o caso que acabou caindo na internet não teria sido o primeiro. As informações são da Record TV.

Nos novos vídeos, seguranças são vistos praticando torturas físicas e também psicológicas contra outras pessoas – supostamente infratores que teriam tentado furtar o mercado. Não é possível identificar, no entanto, se são os mesmos seguranças envolvidos no incidente desta semana.

Em um dos vídeos analisados, um homem é visto amarrado ao lado de uma pilha de produtos que ele, supostamente, teria roubado. É possível notar várias marcas de chicote em seu corpo.

Em outro vídeo, uma criança é vista acuada atrás de um balcão enquanto é ameaçada por um segurança. Ele chama o jovem de “ladrão” e afirma que ele será preso e abusado sexualmente dentro da cadeia, além de perder os seus familiares.

A Record TV apurou, ainda, que a empresa de segurança que presta serviços ao supermercado tem um ex-policial militar como sócio.

Veja os vídeos que foram divulgados:

Entenda o caso

Um rapaz de 17 anos foi torturado por seguranças de um supermercado na Vila Joaniza, zona de sul de São Paulo, após, de acordo com boletim de ocorrência, ter furtado um chocolate. As cenas de violência foram filmadas e viralizaram no WhatsApp e nas redes sociais.

Nas imagens, o jovem aparece sem roupas e com uma espécie de mordaça feita de pano e fita adesiva. Ele apanha e chora enquanto os agressores dizem para ele não tentar se proteger com as mãos. Um deles ainda afirma que estão torturando-o “para não ter de matar”.

Em entrevista ao ‘SP2’, o adolescente, que teve a sua identidade preservada, disse que foi agredido por 40 minutos. “Eu fui pegar um chocolate. Aí, eles me pegou [sic] me levou no quartinho me deu uma pá de chicotada. Aí ele falou que se eu falasse pra alguém ele ia me matar ainda, me ameaçou de morte. Muita maldade isso daí”, disse.

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Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso foi registrado pelo delegado Pedro Luiz de Sousa, do 80º DP, e está sendo investigado pela Polícia Civil.

Ao Buzzfeed News, Sousa informou que o adolescente é morador de rua e dependente químico, além de viver pedindo comida e juntando latinhas na região onde fica o estabelecimento. “É um menino totalmente inofensivo. É um morador de rua. É uma barbaridade o que fizeram. Fiquei chocado quando vi as imagens”, afirmou o delegado ao site.

Ainda conforme ele, tudo indica que a agressão teria acontecido em agosto.

Em nota ao G1, a rede de supermercados Ricoy, onde a tortura teria acontecido, comunicou ter afastado os dois seguranças e acrescentou que “não coaduna com nenhum tipo de ilegalidade e colaborará com as autoridades competentes envolvidas na apuração do caso, a fim de tomar as providências cabíveis”.

A decisão assinada pela juíza pede a prisão temporária por 30 dias dos dois homens. Com condenação pedida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, eles podem responder pelo crime de tortura – que prevê pena de dois a oito anos de detenção.

“Há fortes elementos ligando os representados à autoria do crime de tortura, tanto que foram divulgadas gravações do ofendido sendo açoitado pelos seguranças. Ademais, o relato da vítima é detalhado em apontar como ocorreram as agressões”, escreveu a juíza Tatiana Saes Valverde Ormeleze.

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