Maysa Vilela
Teve início na última semana o julgamento do acidente aéreo que aconteceu em 2009 com o avião da Air France, que partiu do Rio de Janeiro com destino à Paris, e acabou caindo no Oceano Atlântico – levando 228 pessoas à morte.
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Apenas 13 anos depois da tragédia, o julgamento do processo contra a fabricante, Airbus, e a companhia aérea, Air France, por homicídio culposo está acontecendo em um tribunal de Paris.
Nesta segunda-feira (17), as pessoas que participam do julgamento viveram um momento extremamente delicado.
O tribunal divulgou o conteúdo das caixas-pretas do avião, ou seja, gravações das conversas dos pilotos durante os últimos quatro minutos antes da queda da aeronave.
Na ocasião – sem a presença do público ou da imprensa – magistrados, secretários judiciais e advogados (das partes civis e dos acusados) puderam ouvir as vozes dos pilotos e os ruídos da cabine nos momentos que sucederam a morte de 228 pessoas – 216 passageiros e 12 tripulantes.
Todos os presentes tiveram que desligar seus telefones e depositá-los em um saco plástico para evitar divulgação externa da gravação.
As partes civis solicitaram esse conteúdo em áudio, pois julgam que ouvir a voz dos pilotos era “absolutamente indispensável“ para a “busca da verdade“.
Segundo informações divulgadas pela imprensa francesa, os pilotos ficaram surpresos com o alerta emitido pela própria aeronave no momento em que ficou evidente que havia algo errado.
Nos registros feitos pouco antes do avião da Air France cair no Oceano Atlântico, é possível ouvir o piloto dizendo “Não tenho mais o controle do avião“.
De acordo com o canal ‘BFM TV’, o co-piloto disse: “Que diabos está acontecendo! Não entendo o que está acontecendo”. Os pilotos primeiro pensam que estão perdendo altitude, mas notam que o que acontece é o contrário – motivado por algo fora do controle da cabine.
O momento foi bastante difícil para quem estava presente no tribunal, conforme alguns revelaram em entrevistas. “Nós ouvimos as vozes do além-túmulo“, declarou Alain Jakubowicz, um dos advogados da associação Cooperação e Solidariedade AF447.
“Foi um momento apavorante porque ouvimos os pilotos, que em vários trechos (dizem), ‘Nós tentamos de tudo‘. Eles não entendiam o que estava prestes a acontecer”, completou Alain.
O advogado Alain Jakubowicz informou também que até então todos tinham “em mente um cenário apavorante, ao estilo dos filmes de Hollywood”, mas “não foi isso que aconteceu“.
“Para as famílias das vítimas, foi muito importante [saber dos áudios]. Muitas pessoas dormiam, foram despertadas pela morte“, acrescentou ele.
Uma porta-voz da Airbus declarou após a divulgação das gravações dos pilotos:
“A escuta do áudio do voo foi um momento extremamente forte para todas as pessoas presentes (…) Nós nos unimos ao sofrimento das pessoas próximas dos pilotos e das vítimas, revivido pela escuta desta gravação”.
“Eu temia este momento e foi ainda mais forte do que eu poderia imaginar“, disse Corinne Soulas, que perdeu a filha no acidente. “Os pilotos estavam perdidos, não sabiam o que os esperava, estavam na incompreensão total“, acrescentou ela, em entrevista divulgada pelo ‘G1’.
Ophélie Toulliou, que perdeu seu irmão, disse ter ouvido três pilotos “que enfrentaram uma situação que não compreendiam […], pessoas que demonstraram ter um sangue frio extraordinário e que ouvimos lutar até o final“.
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