Maysa Vilela
Um caso preocupante aconteceu em Florianópolis (SC), onde uma mulher acabou internada após receber uma aplicação de botox.
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Ela, que não teve a identidade revelada, decidiu tomar medidas legais, apresentando uma queixa na 3ª Vara Criminal da Capital contra a Hof Clinic, uma renomada clínica de estética local.
A clínica, gerida pelo dentista Anderson Silva e a esposa, a farmacêutica Deisy Karina Arenhart da Silva, já foi alvo de suspensão de atividades pelo Procon municipal após investigações de irregularidades em serviços e vendas.
O caso se complicou quando a mulher relatou que a primeira aplicação de botox ocorreu em 12 de agosto de 2022, sem nenhum problema.
No entanto, em 6 de setembro, durante uma consulta de retorno, ela recebeu uma nova aplicação que desencadeou uma reação alérgica grave.
“Logo após a injeção, comecei a sentir um forte aquecimento onde a toxina botulínica havia sido aplicada e, depois, em todo o meu rosto. Em pouco tempo, meu rosto inchou e ficou totalmente desfigurado“, descreveu a mulher em seu depoimento à Justiça.
Ela tentou, sem sucesso, contatar a clínica e os responsáveis. Desesperada, ligou para o marido, que a levou ao Hospital da Unimed, em São José.
Na chegada ao hospital, a paciente apresentava falta de ar, enjoo, dores no peito e uma frequência cardíaca elevada de 230 batimentos por minuto.
Foi diagnosticada com angioedema, uma reação alérgica grave que causa inchaço no rosto e garganta.
Dentista nega ter aplicado o botox
Anderson Silva, por outro lado, afirmou que nunca atendeu a mulher em sua clínica. “Tenho mais de 20 anos de carreira e nunca vi ninguém apresentar problemas como os denunciados por ela”, disse Silva.
No entanto, a defesa da mulher insiste que ela foi atendida na clínica, mas escolheu não mencionar o nome do profissional responsável pelo procedimento.
Eles apontam que, apesar das tentativas de contato com a clínica após o incidente, o dentista mostrou “total desinteresse pelo evento realizado em sua clínica e que colocou em risco de morte uma paciente sua”.
Enquanto isso, o caso também foi reportado à 1ª Delegacia de Polícia de Florianópolis e uma investigação está em andamento.
Anderson e Deisy, bem como três funcionários do hospital que atendeu a mulher e um médico dermatologista da Hof Clinic, já foram ouvidos.
Para entender melhor o caso, o cirurgião-plástico Leandro Grangeiro esclareceu ao portal ‘ND+’ que alergias a botox são muito raras. “Provavelmente foi outro produto. Geralmente a alergia é ao anestésico que vem com o ácido hialurônico”, explicou.
O dentista Anderson Silva, por sua vez, insiste que todos os clientes são devidamente orientados e que “na bula do medicamento vem bem claro, descrito que o produto pode dar reações alérgicas”.
De volta ao atendimento médico e após alguns dias em observação, a mulher foi diagnosticada com “uma reação grave, com necessidade de acompanhamento e tratamento correto”.
“Não conheço essa paciente. Existem pessoas falando o que aconteceu, mas não sabem o lote dos produtos, o que é certamente uma grande mentira. Todos os pacientes possuem prontuários e sou obrigado a anotar o número do lote e do produto. É impossível realizar uma aplicação sem essas informações, já que se trata de um medicamento”, afirma.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, um médico legista do IGP (Instituto Geral de Perícias) constatou lesão corporal na vítima durante o inquérito.
Em função disso, Anderson assinou um termo circunstanciado de que estava ciente da conclusão do IGP sobre a lesão corporal.
Vale ressaltar que o laudo foi anexado à investigação. O inquérito está em fase final e, em breve, será encaminhado ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina).
Anderson assegura que todos os clientes recebem a bula dos produtos aplicados. O botox em questão apresenta a informação de que contém “Frasco-ampola com 50 U, 100 U ou 200 U de toxina botulínica A”.
De acordo com o documento, “conforme esperado para qualquer procedimento injetável, pode ocorrer: dor localizada, inflamação, parestesia, hipoestesia, sensibilidade, inchaço/edema, eritema, infecção localizada, sangramento e/ou hematoma. Relacionadas com a agulha: dor e/ou ansiedade podem resultar em respostas vasovagal, incluindo hipotensão sintomática transitória e síncope”.
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