Isabel Gonçalves
Abdul-Hamid Alyousef, de 29 anos, perdeu seus bebês gêmeos e a esposa no ataque químico ocorrido na cidade de Khan Sheikhoun, na Síria, na última terça-feira (4). Ao menos 72 pessoas morreram e outras 160 tiveram ferimentos segundo a ONG Observatório Sírio.
Fotos da agência Associated Press mostram mostram o homem aos prantos enquanto segura os filhos mortos no colo. Um vídeo de Alyousef se despedindo das crianças foi compartilhado no Youtube.
Na entrevista, ele contou que estava junto dos filhos e da esposa quando ocorreu o ataque aéreo. e os carregou para fora de casa. “Eles estavam conscientes no início, mas dez minutos depois podíamos sentir o odor”, conta. As crianças e a esposa de Alyousef começaram a se sentir mal e ele os levou a um hospital. Acreditando que eles ficariam bem, o homem voltou ao local onde mora para procurar pelo resto de seus familiares. Ele acabou encontrando os corpos de dois dos seus irmãos, dois sobrinhos e uma sobrinha, além de vizinhos e amigos.
Na sequência, ficou sabendo que a mulher e os gêmeos de 9 meses não resistiram aos efeitos das substâncias químicas e também morreram. De acordo com um primo de Alyousef, ele também está recebendo tratamento médico, mas que está especialmente mal por causa da morte dos familiares.
Segundo grupo de jornalistas pró-oposição Edlib Media Center (EMC) e os Comitês de Coordenação Local, pode ter sido usado o gás sarin, que é altamente tóxico e considerado 20 vezes mais letal do que o cianureto.
Assista ao vídeo:
ONU
Na quarta-feira (5), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, falou sobre o caso ao chegar em Bruxelas, onde ocorre uma conferência sobre o conflito na Síria. “Os horríveis acontecimentos de terça-feira demonstram, infelizmente, que os crimes de guerra continuam na Síria e que o direito internacional humanitário é violado frequentemente”, afirmou.
A postura da ONU foi criticada por alguns embaixadores e os EUA ameaçaram com uma ação unilateral caso a ONU não responda de forma adequada ao ataque químico. “Quando as Nações Unidas fracassam consistentemente em sua tarefa de atuar de forma coletiva, há momentos na vida dos estados em que nos vemos impulsionados a atuar por conta própria”, enfatizou a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley.
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