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Vaga de emprego gera revolta na web por exigência: ‘não pode ser negra ou gorda’

Uma mulher que recebeu a proposta pelo WhatsApp procurou a Polícia Civil e registrou queixa

Uma cuidadora de idosos de 41 anos na cidade de Belo Horizonte (MG), apesar de estar empregada atualmente, se sentiu completamente ofendida e decidiu procurar a Polícia Civil para denunciar uma proposta de emprego recebida pelo mensageiro WhatsApp. O anúncio que se difundiu pela rede social tem gerado revolta na web.

A descrição das vagas, que procurava por 10 pessoas para cuidar de idosos em regime de plantões, tinha uma única exigência: “Não podem ser negras, gordas e precisam de pelo menos 3 meses de experiência”.

Veja:

vaga racismo (je)

Elisângela Carlos Lopes nem sequer precisa da vaga, mas não deixou passar o caso e registrou Boletim de Ocorrência. A situação pode ser enquadrada como crime de racismo, com penas previstas pelo Código Penal Brasileiro. “Eu li mais uma vez para ver se não era fake news, mas não era”, contou ela em um programa de TV local.

“Ao ler este anúncio, eu deduzi que eu, que sou negra, semianalfabeta, moradora de Ribeirão das Neves e com 41 anos, vou ficar fora do mercado de trabalho se precisasse da vaga”, completou.

Quem enviou a mensagem foi a psicóloga Fernanda Spadinger, que mantém uma linha de transmissão de vagas para cuidadores de idosos na cidade. Ao ser questionada sobre o preconceito da exigência, ela se limitou a responder: “A exigência é deles, não minha. Não posso fazer nada”.

Revoltada, Elisângela chegou a ligar para Fernanda para tirar satisfações. Em resposta, a mulher pediu desculpas e ofereceu um acompanhamento psicológico. Eu disse tudo que eu estava sentindo e mostrei como eu estava com meu coração dilacerado. Aquilo acabou comigo, fiquei desesperada, chorando, pois é muito doloroso passar por isso”, contou a vítima.

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Elisângela negou o atendimento e garantiu que levará o caso à Justiça. “Como vou ter acompanhamento com uma pessoa que causou uma situação dessas? Não tem jeito”, afirma a mulher.

Versão da empresa

A empresa ‘Home Angels’, para quem as vagas eram destinadas, afirma que não divulgou a mensagem com a exigência racista. A proprietária Taís Arantes afirma que o texto foi adulterado pela psicóloga.

“A nossa empresa está há 8 anos no mercado e repudia qualquer tipo de discriminação vamos fazer uma nota para tirar essa história e fazer um esclarecimento. A gente sempre divulga essas vagas porque fazemos contratações de folguistas na empresa. Agora, não tinha essas especificações, até porque eu preciso de todo tipo de funcionário porque o meu tipo de cliente exige perfil de funcionário, então eu tenho que ter o banco de dados diversificado”, disse ela ao site ‘BHAZ’.

“Me espantei e fiquei super assustada com a forma como a Fernanda fez essa divulgação, sendo psicóloga e tendo que trabalhar com isso. Sei que ela dá cursos de cuidadores, faz o processo seletivo, presta serviços com isso e precisa disso para sobreviver. Para ela ficou muito chato essa situação”, completa.

“Questionei e ela pediu mil desculpas. Ela disse que iria assumir tudo que ela fez, que ela disparou essa mensagem para uma lista de transmissão que ela tem, que é muito grande. Estamos tomando as devidas providências para não ter problemas com o nome da empresa e da franquia. Isso não faz parte do nosso lema e do que a gente prega.  Não quero que a imagem da minha empresa fique como sendo racista, tenho várias funcionárias negras, aqui não tem disso não”, finaliza.

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Versão da psicóloga

Fernanda Spadinger, por sua vez, também garante que não tem culpa na história. Ela admite ter disparado a mensagem sem prestar atenção ao texto problemático, mas alega que não mexeu na descrição e encaminhou da forma como recebeu pela ‘Home Angels’.

“Recebi essa mensagem de uma funcionária da Home Angels na quinta-feira, dia 31, no fim da tarde. Ela dizendo que precisava das pessoas para o dia seguinte para entrevistar. Eu não filtrei. Eu tenho minha responsabilidade, não quero jogar tudo para cima da funcionária da empresa, preciso assumir a minha responsabilidade. É óbvio que eu devia ter filtrado, devia ter editado a mensagem e encaminhado de outra forma. Mas, na correria, sem ler direito, sem filtrar, eu mandei. É obvio que eu estou errada e estou respondendo por isso”, disse ela ao site ‘BHAZ’.

“Em minha defesa eu digo que minha intenção era empregar 10 pessoas. Meu erro foi ter sido conivente com uma empresa que tem essa postura. Em um mundo ideal, eu teria lido toda a mensagem e me recusado a divulgar a vaga. Mas a minha intenção foi empregar dez pessoas que fazem curso comigo e confiam em mim”, completa.

“Eu mandei mensagem me retratando dizendo que não é uma postura da minha empresa, que estou aqui para formar e empregar. Era uma exigência da empresa, eu errei, devia ter filtrado, é horrível. Eu devia ter tido a crítica e me recusado a indicar para uma empresa que tem essa postura. Mas a minha intenção era empregar essas pessoas”, finaliza.

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