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Cobrança à parte de bagagens não derruba preço de passagens aéreas

Das 10 rotas mais movimentadas no Brasil, 6 aumentaram ou mantiveram valor e apenas 4 ficaram mais baratas

(Foto: José Cruz / Agência Brasil)

A cobrança da bagagem nas viagens aéreas ainda não trouxe benefício claro aos passageiros. Das dez rotas mais movimentadas do Brasil, seis tiveram aumento ou estabilidade no preço médio pago pelos consumidores e quatro ficaram mais baratas nos primeiros meses da regra.

Embora as companhias defendessem que a mudança resultaria na queda do preço da passagem, agora argumentam que a bagagem é só um fator sobre o preço e outros aspectos – como combustível, oferta e demanda – são mais relevantes.

O fim da franquia gratuita da bagagem entrou em vigor depois de reações negativas dos consumidores e decisões contrárias da Justiça. Após disputa jurídica, os primeiros passageiros sem franquia de bagagem voaram em meados de 2017 e, desde setembro, as quatro maiores empresas – Avianca, Azul, Gol e Latam – praticam a política.

O preço das passagens nas principais rotas domésticas, desde então, não seguiu tendência única na comparação com igual período de 2016. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que, entre as dez rotas, três tiveram alta expressiva do preço e quatro ficaram bem próximas da inflação.

A ida e volta entre Guarulhos e Curitiba teve o maior aumento: 31,2% em novembro ante um ano antes. Longe da polêmica das bagagens, a alta pode ter relação com a menor disponibilidade de voos: o volume de assentos vendidos caiu mais de 40%. Com isso, a demanda entre Congonhas e a capital paranaense cresceu e as passagens acabaram ficando cerca de 20% mais caras com aumento de 10% no número de passagens vendidas.

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Os dados da Anac também mostram que três rotas tiveram oscilação próxima da inflação. Entre elas está o trecho mais movimentado das Américas: a ponte aérea entre Congonhas e Santos Dumont, cujo preço de novembro subiu 1,8% ante 2016. Em outubro, a oscilação foi para baixo: queda de 1,5%.

Entre os trechos que ficaram mais baratos, a característica comum é o maior número de assentos vendidos. A redução de preço mais evidente ocorreu entre Congonhas e Porto Alegre, cujo bilhete médio recuou 23,7%. O preço pode ter relação com maior oferta de voos na rota: o número de passagens praticamente dobrou na Latam e cresceu quase 40% na Gol. Outras rotas com queda foram as de Guarulhos a Salvador e Recife. Com perfil mais turístico, essas passagens ficaram, em média, 10% mais baratas.

Custos. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, explica que a oscilação dos preços se deve a vários fatores, sendo que a bagagem e só um deles. “A querosene de aviação subiu 30%. E há movimentos distintos de demanda e concorrência (nas rotas).”

Dados da Abear indicam que o combustível é o maior custo e representa 26% do que a aérea gasta. Em seguida vêm aluguel e manutenção dos aviões (22%), tripulação (11%) e outras despesas operacionais (11%). Não há cálculo sobre as bagagens.

Questionado sobre a promessa de que seria possível reduzir a passagem com a bagagem paga, Sanovicz diz que a medida é importante para que as empresas já estabelecidas se preparem para a provável chegada de empresas de baixo custo, como ocorre na Argentina. “Aqui na esquina estão chegando duas ou três empresas que fazem isso. Temos de nos preparar para a disputa com toda a flexibilidade que a eventual concorrente tenha.”

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Para ele, a bagagem faz parte de uma tendência de desregulamentação do setor, movimento que resultará na queda dos preços. “É possível baratear as passagens? É. Isso acontecerá à medida que o ambiente regulatório for mais alinhado ao que acontece no resto do mundo.”

A Anac diz em nota que a avaliação do impacto da nova política é “prematura e pode induzir a conclusões precipitadas”. Alega ser preciso analisar uma série mais longa, mas que os benefícios aparecerão. “Os ganhos de eficiência e bem-estar social devem se consolidar com mais tempo.”

A disputa para levar a mala na cabine

Ainda faltava quase uma hora para o voo 3342 decolar para Natal, mas Amanda Bezzoni se levantou da área de espera ao perceber que um passageiro já aguardava o embarque em frente ao portão 26 do Aeroporto de Brasília. A jovem professora preferiu agir para evitar o que acabara de ocorrer com a mãe e o irmão: foram vítimas do bagageiro lotado.

“Minha mãe e meu irmão estão com bagagens parecidas com esta. Cabe na cabine do avião, mas avisaram que terão de despachar. Dizem que o voo está lotado e preferi garantir o meu lugar.”

Com o fim da bagagem gratuita, o problema enfrentado pela família Bezzoni é cada vez mais comum, pois mais passageiros entram nos aviões com malas de mão para evitar a taxa extra. A dificuldade ocorre porque as aeronaves não mudaram e falta espaço para tanta mala.

A aeronave usada naquela quinta-feira no voo para o Rio Grande do Norte, por exemplo, tinha capacidade para 220 pessoas. O bagageiro acima dos passageiros, porém, só comporta 85 malas do padrão previsto pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

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“A reclamação é procedente. Temos visto que, em alguns momentos, cinco, seis, sete passageiros têm esse problema e precisam despachar na porta. Estamos atentos”, diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. “Nossas associadas estão orientando passageiros antes de subir.”

Com prancheta em uma mão, contador de bagagens na outra e etiquetas no bolso, Conceição Lira faz parte do novo time de fiscais de bagagem que atuam nos aeroportos para orientar e evitar problemas. Só uma das empresas aéreas tem 44 empregados no Aeroporto de Brasília para essa função.

Antes do voo para Natal, Conceição caminhou discretamente ao lado dos passageiros que aguardavam sentados. No meio da jornada entre as cadeiras, o marcador do pequeno equipamento que é acionado a cada mala vista já mostrava número superior a 85. Então, era preciso agir.

Foi aí que a mãe e o irmão de Amanda foram selecionados. Mesmo dentro do padrão, ela solicitou que as duas malas de mão que eles levavam fossem despachadas. Não adiantou argumentar que elas viajaram com a família na jornada que começara de madrugada em Rio Branco, no Acre. Não havia espaço – foi a palavra final de Conceição.

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