in ,

Escolas de Samba levam Lampião, Maria Bonita e cultura cangaceira para o Carnaval

Imperatriz Leopoldinense apresenta Lampião contado em cordel; já a Mancha Verde traz o cangaço pra avenida

Fotos: Reprodução/Arquivo Pessoal

O Carnaval 2023 está chegando e duas Escolas de Samba – uma do Rio de Janeiro e outra de São Paulo – decidiram homenagear a cultura nordestina brasileira na avenida.

  • “Alexa, tocar marchinhas de Carnaval!” Conheça a 4ª geração do aparelhinho que é sucesso em vendas no mundo todo. Clique aqui para conferir.

Lampião contado em cordel é estrela do Carnaval da Escola de Samba carioca Imperatriz Leopoldinense. Enquanto a Mancha Verde levará a cultura cangaceira para o Carnaval do Anhembi.

Cada canto do país, em todas as regiões, guarda em si uma riqueza cultural que, em grande ou pequena escala, influencia todos os brasileiros.

Os desfiles das escolas de samba, no Rio de Janeiro, são uma vitrine ampla, que chega a milhões de pessoas e pode levar esses pedacinhos preciosos de cultura a lugares distantes. Este ano, a Imperatriz Leopoldinense chega à Sapucaí com uma dessas pérolas.

O Aperreio do Cabra que o Excomungado tratou com Má-Querença e o Santíssimo não deu guarida. Inspirado na literatura de cordel, o samba-enredo conta a história de Lampião, o Rei do Cangaço.

Veja também:
Ainda viva, filha de Maria Bonita e Lampião processa motel por propaganda

De acordo com a supervisora editorial da Conquista Solução Educacional, Sue Ellen Halmenschlager, essa é uma oportunidade para divulgar ainda mais as tradições e costumes nordestinos.

“A ignorância é a morada do medo e dos preconceitos. Colocar luz em temas como esse, apoiando-se em pesquisas profundas, como fazem as escolas de samba cariocas, ajuda a construir uma cultura de apreciação, respeito e reconhecimento de expressões artísticas tão legítimas”, destaca.

Para ela, o caráter oral do cordel tem tudo a ver com a grande festa de ritmo que é o Carnaval. O cordel tem um ritmo próprio, uma musicalidade que acontece por conta das rimas que criam uma harmonia fonética interessante e divertida”, pontua.

A literatura de cordel é um gênero que tem suas raízes na cultura popular nordestina e que trata dos mais diversos temas.

Entre eles, estão o cotidiano da vida das pessoas, a política, os heróis – especialmente os heróis nordestinos – o amor, a educação, os conhecimentos históricos e culturais.

Muitos cordéis são acompanhados de xilogravura, uma técnica de gravura em madeira usada, inclusive, por grandes artistas plásticos brasileiros como J. Borges, José Costa Leite e até Tarsila do Amaral.

O desfile da Imperatriz, opina a especialista, deve vir carregado de referências audiovisuais desse tipo de produção literária. “Será um momento único para testemunhar as maravilhas que podem ser criadas quando duas expressões culturais se unem”, completa.

Filha de Lampião e Maria Bonita participa

A única filha do casal Lampião e Maria Bonita, chamada Expedita Ferreira, ainda é viva. Ela fará parte das homenagens pela Imperatriz Leopoldinense no Carnaval 2023 no Rio de Janeiro.

Expedita nasceu em 1932, durante o período em que seus pais lideravam o grupo de cangaceiros no Nordeste brasileiro.

Depois que Lampião e Maria Bonita foram mortos em 1938, ela e outros membros da família fugiram para São Paulo e passaram a viver sob identidades falsas para escapar da perseguição dos inimigos de seus pais.

A escola de samba vai destacar a figura de Expedita em um de seus carros alegóricos durante o desfile – que acontece no Sambódromo da Sapucaí na segunda-feira (20), entre 1h e 1h30, com transmissão ao vivo pela TV Globo.

Expedita vive atualmente em São Paulo e, aos 90 anos de idade, é uma das últimas sobreviventes da família Ferreira. Sua história de vida e a herança cultural deixada por seus pais são importantes elementos da cultura popular nordestina e brasileira.

Veja também:
Após 2 divórcios, marido vai desfilar no Carnaval com as 6 esposas que sobraram

Mancha Verde leva cangaço para o Anhembi

“Óia eu aqui de novo, xaxando!”, cantava Luiz Gonzaga, logo nos versos de abertura de um de seus maiores clássicos.

Ritmo que deu origem ao baião, o xaxado transpira a cultura cangaceira e, em 2023, é o tema do carnaval da atual campeã da folia em São Paulo, a Mancha Verde. Oxente – Sou Xaxado, Sou Nordeste, Sou Brasil é o título do samba-enredo da escola.

De acordo com a assessora de Arte do Sistema Positivo de Ensino, Karoline Barreto, o tema escolhido segue uma tradição carnavalesca: a de falar sobre patrimônios materiais e imateriais do Brasil, apresentando um ciclo de reverência a muitos aspectos culturais carregados de simbolismos.

“Na sala de aula, costumamos tratar de conteúdos relacionados ao cangaço, ao forró, aos alimentos e fatos históricos da cultura nordestina. Na arte, privilegiamos o cordel, por exemplo. Mas a dança pode ser uma excelente forma de usar a linguagem corporal para vivenciar uma aprendizagem mais ativa e significativa”, explica.

No caso do xaxado, muitas são as versões a respeito de sua origem. A mais famosa delas conta que esse é um tipo de dança de comemoração das batalhas travadas pelos cangaceiros no sertão do Nordeste brasileiro.

Praticada apenas pelos homens, a melodia era marcada pelo som das alpercatas em atrito com a terra batida: xá-xá-xá. Como toda boa manifestação cultural, o xaxado extrapolou o cangaço e, quando este chegou ao fim, o ritmo seguiu firme.

O xaxado é alegre, vibrante e com pisadas fortes. Suas vestimentas em apresentações tradicionais são compostas de alpercatas, roupas cáqui, o tradicional chapéu de Lampião e um objeto que aparenta ser um rifle de cangaceiro. Segundo o próprio Luiz Gonzaga, grande pesquisador e divulgador do xaxado, na época do cangaço, o rifle era a dama da dança, permitida somente para os homens”, detalha Karoline.

No Carnaval 2023 da Mancha Verde, o samba-enredo fala sobre vários desses detalhes históricos envolvidos no nascimento e na manutenção do xaxado como parte fundamental da cultura, principalmente de Pernambuco.

Um trecho da letra diz: “O cangaceiro, na batalha triunfou/ Até Maria Bonita no bando comemorou/ “Olê, muié rendeira”/ Na embolada dançando a noite inteira/ Vem violeiro, num repente ajeitado/ To “arretado”, a zabumba tá chamando”.

Para a especialista, esse tipo de referência é indispensável para construir, na escola e na sociedade, um repertório cultural amplo.

“Falar sobre manifestações como o xaxado permite que todos nós possamos desenvolver o respeito à diversidade de culturas e valorização das tradições para conhecer a si mesmo e aos outros”, finaliza.

O desfile da Mancha Verde acontece no sábado (18), à 00h40, e também será transmitido pela TV Globo.

  • “Alexa, tocar marchinhas de Carnaval!” Conheça a 4ª geração do aparelhinho que é sucesso em vendas no mundo todo. Clique aqui para conferir.

Após 2 divórcios, marido vai desfilar no Carnaval com as 6 esposas que sobraram

Em Destaque

Recomendamos para você

Deixe seu comentário

cobras píton - casa Malásia

Cobras píton moravam no teto e assustam moradores de casa ao despencarem de lá

David Luiz Porto Santos tatuagem

Homem morre logo após fazer tatuagem e polícia tenta descobrir a causa